São Leopoldo respira por aparelhos nos serviços básicos, mas o Poder Legislativo da cidade ignora a crise e consolida uma estrutura de gastos absurda. Dados da própria folha de pagamento da Câmara Municipal (julho/2025) revelam um rombo nas finanças públicas que pode ultrapassar os R$ 44 milhões em apenas quatro anos de mandato.
Esse montante milionário, pago integralmente pelo cidadão, não está sendo direcionado ao corpo técnico da Casa, mas sim a um exército de 63 cargos de assessoria política e de confiança.
O Luxo da Política, o Abandono da Cidade
Enquanto a população enfrenta filas na saúde, espera por segurança reforçada e sofre com a infraestrutura precária, a Câmara gasta quase metade de sua folha com cargos de indicação:
- 13 Chefes de Gabinete Parlamentar
- 25 Assessores de Relações Comunitárias
- 13 Assessores Parlamentares
- 12 Assessores Parlamentares II
Esses 63 cargos de livre nomeação consomem, mensalmente, mais de R$ 442 mil em proventos brutos.
O que poderia ser investido na contratação de mais médicos, na compra de novas viaturas ou na recuperação de ruas, está sendo canalizado para alimentar a máquina política dos gabinetes.
Transparência Zero no Contracheque
Além do custo excessivo, a Câmara falha em um pilar básico da boa gestão: a transparência. A análise da folha revela uma gritante e injustificável variação nos descontos aplicados a servidores que recebem o mesmo salário bruto.
Em alguns cargos, a diferença entre o desconto mínimo e o máximo chega a quase R$ 3.700,00. Essa falta de clareza levanta sérias dúvidas:
Por que tanta diferença?
Quais são os benefícios ou encargos extras que justificam essa discrepância?
A ausência de um detalhamento completo e público dos descontos impede a fiscalização e joga uma sombra de suspeita sobre a legalidade e a equidade no tratamento dos servidores.
Basta de Desperdício
É inaceitável que, em meio a graves dificuldades financeiras, a Câmara Municipal mantenha um compromisso orçamentário tão pesado, priorizando o inchaço de seus gabinetes em detrimento do investimento direto nos serviços essenciais.
A sociedade de São Leopoldo exige um basta imediato nessa estrutura. A Câmara precisa provar que seu custo milionário se reverte em fiscalização rigorosa e legislação de qualidade, e não apenas em altos salários para apadrinhados políticos. R$ 44 milhões não podem ser o preço do silêncio e da ineficiência.
Anderson Ribeiro, é colunista, graduado em Direito, com pós-graduação em Gestão Financeira e em Inteligência Artificial e Machine Learning, e mestrando em Transformação Digital na Universidad Europea del Atlántico, Espanha. Fundador e Diretor da ONG de proteção aos animais e ao meio ambiente GAEPA, experiente em gestão pública no setor executivo. Forte atuação na área de desenvolvimento de novas tecnologias, Big Data, análise de sistemas e em pesquisas de satisfação e opinião.












